quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Comprar apartamento na Flórida já está mais barato que no Brasil


Revista ÉPOCA, 15/8/2011

MY HOUSE, MY LIFE

Preços de ocasião e juros baixos levam os brasileiros a realizar o sonho da casa própria de frente para o mar na Flórida
Daniella Cornachione
Comprar apartamento na Flórida já está mais barato que no Brasil. É possível morar num condomínio de luxo em Miami por até R$ 15 mil o metro quadrado – metade do valor cobrado antes de 2008. No Rio de Janeiro, o metro quadrado na Praia de Ipanema custa em torno de R$ 20 mil. A combinação de dólar desvalorizado, crise imobiliária nos Estados Unidos e economia estável no Brasil faz os brasileiros realizar o sonho de ter uma segunda casa no litoral da Flórida. “Nos últimos 12 meses, 75% das pessoas que compraram imóveis em Miami são estrangeiras. Os brasileiros representam 65% desse grupo”, diz Cassio Faccin, dono de uma consultoria de investimentos e imóveis na cidade. Miami é a preferida porque é bonita, segura, bem servida de lojas e familiar aos brasileiros. “Agora os comerciantes fazem questão de falar nossa língua. Há caipirinha em todo lugar”, diz Marco Fonseca, representante brasileiro da Associação Nacional de Corretores dos EUA.
O condomínio Trump Towers, à beira-mar, foi 60% comprado por brasileiros. Entre eles, o empresário paulista João Paulo (ele pediu para omitir seu sobrenome), de 31 anos. A família de João Paulo frequenta Miami há 15 anos e tem vontade de comprar um imóvel na cidade há pelo menos cinco, mas só encontrou um bom negócio em janeiro. “A crise foi a oportunidade ideal. Quando começamos a pesquisar, um apartamento como o nosso custava US$ 2,5 milhões. Pagamos US$ 830 mil”, afirma. João Paulo compara com outro apartamento da família, no Guarujá, litoral de São Paulo. “Em Miami nós pagamos R$ 1.700 de condomínio para ter tudo: manobrista, limpeza, internet, TV a cabo e serviço de praia. No Guarujá, pagamos R$ 1.000 só para ter um porteiro”, diz. Além de arcar com o condomínio, o comprador gasta com um imposto equivalente ao IPTU, que varia de 0,8% a 2% do valor do imóvel, e um advogado, que cobra cerca de 1% do imóvel para encaminhar a documentação de compra. A comissão dos corretores de imóveis sai por conta do vendedor. Bancos brasileiros oferecem linhas de crédito, mas sai mais barato financiar a compra de até 70% do imóvel com o sistema financeiro americano, onde as taxas de juros são mais baixas. Basta o visto de turista para poder comprar. Os corretores afirmam que é preciso ir pelo menos três vezes por ano à cidade para justificar a compra.
Os preços baixos de Miami se explicam pelo descompasso entre oferta e procura. Em cidades como San Francisco e Washington, onde não há paisagens tão bonitas, o valor do metro quadrado vale até 100% mais. Em 2006, a Flórida viveu um boom imobiliário, mas os condomínios que estavam sendo construídos naquela época foram abandonados na crise de 2008. No último ano, novas incorporadoras assumiram os empreendimentos, que estão sendo rapidamente vendidos.

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