terça-feira, 14 de dezembro de 2010

KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço está sendo usada

KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço está sendo usada, mais uma vez, como bode
expiatório para denúncias infundadas contra populações sujeitas a preconceito
social e racial e sob ameaça de deslocamento compulsório, agora ao custo de
argumentos ambientais sustentados na desinformação.
Uma série de matérias jornalísticas e de opinião contrárias à permanência da
comunidade do Horto (bairro do Jardim Botânico, Rio de Janeiro – RJ) em suas
terras, publicadas pelo “O Globo”, “Extra” e o “O Estado de São Paulo” (versões
impressas e virtuais) nos primeiros dias de dezembro, optam pela difamação e
difusão de mentiras e pelo tom de denúncia, com base em informações deturpadas
retiradas de ante-projeto elaborado por KOINONIA, por solicitação da AMAHOR (
Associação de Moradores do Horto).

Já estamos acostumados com matérias irresponsáveis desse tipo, que juntam
meias-verdades com inverdades para repetir mentiras e sem nenhum espaço para
outras perspectivas sobre o mesmo tema. Estamos acostumados a ver nosso direito
de resposta negado. Estamos acostumados a sermos citados sem sermos devidamente
entrevistados ou consultados.
Nessas matérias difunde-se que:
* KOINONIA teria sedeem Greenville, na Carolina do Norte (EUA). Na realidade
somos uma associação sem fins lucrativos brasileira, sediada no Rio de Janeiro
– RJ, como pode ser visto no nosso site www.koinonia.org.br.

* KOINONIA teria por objetivo “entronizar as invasões do Jardim Botânico”. A
situação dos moradores não caracteriza invasões, mas ocupações cujo início
remete há quase um século, tendo origem em formas variadas e legitimas, que só
há poucos anos começaram a ser questionadas pela administração do Jardim
Botânico.

* O Museu do Horto “Tem R$ 1,8 milhão para se instalar e quase a metade de
seu orçamento reservada ao pagamento do pessoal que, mesmo trabalhando pela
causa, não é de ferro”. Na verdade não há qualquer financiamento aprovado. E se
tivesse, implicaria, de fato, no pagamento de um grande grupo de especialistas
profissionais em atividades temporárias, que, como qualquer trabalhador,
inclusive articulista de jornal, deve ser adequadamente remunerado por seus
serviços.

* KOINONIA é financiada por “até um Fundo Mundial para o Socorro dos
Primatas”. Neste caso, o arremedo de pesquisa realizada pelo competente
jornalista erra na tradução, dando um tom cômico à tragédia: trata-se do
“Primate’s World Relief and Development Fund - PWRDF (www.pwrdf.org) que, em
bom português, seria melhor traduzido como Fundo Mundial do Primaz (da Igreja
Anglicana do Canadá) para Ajuda Humanitária e Desenvolvimento.

* KOINONIA apoiaria “não é de hoje, “grupos histórica e culturalmente
vulneráveis para todas vocações catequéticas”. Aqui vale uma nota sobre a
ignorância do jornalista sobre o significado do Movimento Ecumênico, que não
inclui qualquer tipo de atuação catequética ou proselitista, mas justo a
promoção da convivência e do diálogo entre as religiões. Além disso, a palavra
grega koinonia (comunhão) é de livre uso, sendo utilizada até mesmo por
churrascarias de beira de estrada, que não são de propriedade da nossa
associação sem fins lucrativos. Essa ignorância, aliás, deve ser a fonte dos
erros grosseiros que nos atribuem sede na Carolina do Norte e a idéia de que
somos “uma igreja em movimento pelo, para e via o poder de Deus”.

* KOINONIA “Instalou-se como tal no Brasil em 1994”. Na realidade, KOINONIA
foi fundada nesse ano por brasileiras e brasileiros de diferentes tradições
religiosas com longa tradição na luta pelo fim da ditadura e pela democracia no
Brasil.

* KOINONIA teria prometido à candidata Dilma Rousseff “o apoio da “População
Negra” e agendado com a candidata um encontro formal com os representantes
nacionais do Povo Tradicional de Terreiro, após as eleições”. Nesse caso, o
articulista toma como palavras da instituição os termos de um dos vários
documentos de organizações religiosas divulgados no site da instituição,
justamente em seu trabalho de dar espaço para manifestações bloqueadas pela
grande mídia.

* KOINONIA teria “um pacto de apoio incondicional à titulação fundiária dos
quilombos, em sua acepção mais vaga - a da semântica antropológica, que
ultimamente passou a considerar quilombo tudo o que se diz quilombo”. Na
verdade KOINONIA tem um compromisso social com a causa quilombola, na forma
pela qual ela se manifesta hoje, tanto na sua definição por parte do movimento
social quanto nas pesquisas acadêmicas e na legislação vigente. Portanto, a
definição de quilombo, aceita por KOINONIA, não é arbitrária, mas está
submetida a uma série de critérios de legitimação que o jornalista poderia
conhecer se tivesse interesse.

* “Talvez esteja em gestação um quilombo do Horto”. Sobre isso declaramos que
KOINONIA não conhece nem apóia qualquer demanda dessa natureza no Horto.
10. “Por enquanto, a ideia do Museu do Horto está limitada a um site criado
pela Associação de Moradores e Amigos do Horto (www.museudohorto.org.br)”.
Aqui, finalmente, há a explicitação da má informação veiculada pelas matérias
mencionadas, que implica na confusão entre duas iniciativas convergentes,
porém, separadas. O projeto do Museu do Horto, que hoje está em funcionamento
no citado site, não é de responsabilidade de KOINONIA, mas de pesquisadores
ligados ao IBRAM (Instituto Brasileiro de Museus). O ante-projeto preparado por
KOINONIA para a AMAHOR implica em outras intervenções, além do apoio ao Museu:
projetos de contenção de encostas, paisagísticos, de ajuste ambiental, inclusão
digital e geração de renda, e melhoria da qualidade de ensino nas escolas que
atendem à população.
Tais confusões parecem ter um mesmo objetivo: apresentar na forma de denúncia
um projeto de promoção social e ajuste ambiental justamente para inviabilizar a
aprovação de seu financiamento e sua realização final.
Nestes tempos de ocupação policial-militar e necessidade de chegada do Estado
às comunidades que, por mais de 30 anos estiveram largadas ao desmando, era de
se esperar que iniciativas de comunidades urbanas para conterem o crescimento
desordenado, garantir uma convivência ecológica com a natureza em seu entorno e
conceber uma urbanização humana e respeitosa, fossem elogiados.
A apresentação de um fantasma no Jardim Botânico, na forma de um Museu, aponta
para o pânico generalizado que a cobertura jornalística promove na atual
ocupação do Complexo do Alemão. São todas comunidades que estão “onde não
deveriam estar”, segundo estes meios de comunicação que não são formadores de
opinião, mas monopolizadores dos meios de produzir opinião. Denuncia-se um
propósito comunitário de convivência com o meio ambiente, de educação
qualificada e de projeto de cidadania como se fosse um demônio a ser
exorcizado, e junto com ele, toda a comunidade e seus amigos.

As únicas acusações que KOINONIA aceita são as de estar ao lado de
quilombolas, de negros e de terreiros de candomblé. Acusações como essas só
confirmam que estamos do lado e no caminho certos.

Rafael Soares de Oliveira
Diretor Executivo de KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço

LINKS MATÉRIAS
O GLOBO em 01/12/2010
http://oglobo.globo.com/rio/mat/2010/12/01/comunidades-do-horto-buscam-patrocinio-para-construcao-de-museu-923163457.asp

O GLOBO em 02/1’2/2010:
http://oglobo.globo.com/rio/mat/2010/12/02/pt-rj-vai-discutir-conflito-fundiario-entre-horto-jardim-botanico-923168539.asp

BLOG DO RICARDO NOBLAT em 07/12/2010 - Texto de MARCOS SÁ:
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/12/03/so-falta-um-quilombo-no-jardim-botanico-346417.asp

JORNAL ESTADÃO – MARCOS SÁ CORREA em -3/12/2010:
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101203/not_imp648831,0.php
JORNAL EXTRA em 01/12/2010
http://extra.globo.com/rio/materias/2010/12/01/comunidades-do-horto-buscam-patrocinio-para-construcao-de-museu-923164168.asp

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