segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

UPP e PAC também atacam favelas repassando

UPP e PAC também atacam favelas
Patrick Granja
E não é só o choque de ordem que anda expulsando trabalhadores de suas casas. No Cantagalo, ao invés de construir um prédio para abrigar a nova Unidade de Polícia Pacificadora — como aconteceu nas outras favelas militarizadas — Sérgio Cabral preferiu retirar 26 famílias de um prédio no alto do morro para transformá-lo em outra fortaleza policial e incrementar o regime de terror na favela. As famílias receberam propostas de indenizações irrisórias, ou senão uma habitação provisória em outra localização do morro do Cantagalo.

O apartamento que elas ocupariam fica no suspeito prédio construído pelo Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC de Luiz Inácio. Segundo denúncias, alguns apartamentos estariam em nome de pessoas que nem ao menos moram no Cantagalo e estariam alugando as habitações por preços que variam entre 400 e 500 reais.

Em um dos casos o técnico-hidráulico Josué Thiago Caetano, que mora em uma cobertura na Ladeira Saint Roman, em Copacabana, tem um dos apartamentos em seu nome e, além disso, aluga-o por 500 reais a Thiago de Oliveira Vieira, que mora com a mãe, a diarista Marilene de Oliveira, e paga o valor com muita dificuldade.

Além disso, o número 207 do prédio B estaria ocupado por uma turista austríaca, chamada Anita. Outro beneficiado, José Airton Gomes da Silva, teria alugado seu apartamento e viajado para o Maranhão. Muitos moradores disseram que ele é um empresário de Copacabana que, suspeitamente, recebera o benefício.

Segundo as denúncias, ao menos 10% dos apartamentos construídos pelo PAC estão na mesma situação. Enquanto Luiz Inácio presenteia turistas austríacos, maranhenses e moradores de Copacabana, dezenas de famílias são expulsas de suas casas e despejadas em abrigos da prefeitura, que não possuem segurança ou mínimas condições sanitárias.

Nos prédios construídos pelo PAC em outras favelas, moradores reclamam das péssimas condições estruturais que, nos apartamentos de Manguinhos, por exemplo, causaram o alagamento de vários andares após as chuvas do dia 5 de março.

— Meu apartamento no segundo andar alagou e fui para o de um amigo. Aqui, a água entrou pelo basculante da cozinha, que não fecha. Nos vizinhos, a água brotou por rachaduras nas paredes e pelos buracos das lâmpadas — afirmou o síndico do bloco 1, Thiago da Silva, de 25 anos, que mora há alguns meses nos prédios construídos pelo PAC de Manguinhos, orçado em 235 milhões.

Nos prédios do Cantagalo, moradores reclamam das contas de luz, que em apartamentos com apenas uma TV e uma geladeira, chegam a 200 reais. Outras habitações, segundo os moradores, apresentam infiltrações e perigosos vazamentos de gás, o que muitos, frente à inoperância dos gerenciamentos de turno, têm que resolver com a sua famigerada renda familiar.

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