O Movimento Unido dos Camelôs (MUCA) e a Cooperativa Orla Legal, que
participaram do Fórum Social Urbano, escreveram o manifesto "A Cidade
é Nossa" para a nossa página eletrônica. Confira:
Nós, que vivemos nas cidades, deveríamos ser os primeiros a serem
considerados nos projetos de urbanização. Mas os planos são feitos
para os negócios, os investimentos, a roda da fortuna. Então, nós
moradores das cidades, somos apenas acessórios. Nossos trabalhos,
meios de transporte e moradia são pensados com objetivo de criar um
ambiente saudável para as empresas, criando segurança para os
investimentos.
A segurança da vida e a felicidade são pequenos detalhes que eles
procuram remediar conforme as possibilidades. Os lucros têm que ser
garantidos a qualquer custo, conforme observamos nesta última crise do
capitalismo, quando o dinheiro do povo foi usado para cobrir as
negociatas dos banqueiros.
A ONU vem a nossa cidade com o Fórum Mundial Urbano para discutir como
devem ser os planejamentos das cidades. Com certeza não vão questionar
a essência de todos os erros, que está no egoísmo e no roubo que
representa a propriedade privada do capital.
A humanidade, com seu trabalho e conhecimentos, constrói as empresas
que usam matérias primas do planeta Terra. Essas riquezas naturais
deveriam pertencer e beneficiar a todos. Porém, o sistema capitalista
tem a lógica de apropriação das riquezas, de incentivo ao consumismo e
individualismo exagerado. Fazem produtos ruins para durarem pouco e
venderem sempre mais. Mudam o estilo, a moda para promover o desejo de
comprar mais e mais. Enquanto não frearmos esta lógica não adiantarão
planos para conter o monstro. As empresas corrompem os políticos,
fazem suas campanhas e exigem ser a prioridade do Estado.
Nós realizamos o Fórum Social Urbano para demonstrar o óbvio: que esta
doença chamada capitalismo faz de tudo para esconder que outra cidade
é possível, uma cidade fora desta lógica. É preciso socializar,
aceitar que todas as riquezas devem pertencer a todos, devem ser
administradas pelos trabalhadores, e que deve haver uma participação
de todos os interessados na gestão dessas riquezas.
O Estado deve estimular a educação, o conhecimento, a liberdade, a
livre iniciativa, a autonomia das empresas, estas devem ser geridas
pelos trabalhadores, que devem ter autonomia de gerir seu capital. Mas
esse capital deve pertencer ou beneficiar à vida. Quando começarmos a
pensar na gestão da sociedade, com democracia, liberdade, autonomia e
solidariedade, então estaremos construindo um mundo melhor, uma cidade
que possa propiciar a felicidade.
Além de denunciar as crueldades que este sistema vem fazendo com as
pessoas, devemos denunciar qual é o cerne da questão e qual é o
caminho, que alternativa trará solução para tantas vidas excluídas de
um mínimo de conforto.
Mas nós poderemos obter mais que o conforto material. Poderemos
realizar uma sociedade saudável. Poderemos propiciar, com a educação e
com a cultura da solidariedade, a feliz cidade que todos desejamos.
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