A convite da Comissão de Educação do Senado, o ministro da Educação, Fernando Haddad, reforçou, nesta terça-feira, 27, a importância dos dados divulgados pelo MEC sobre o desempenho dos estudantes no ensino básico. O ministro explicou aos senadores como funciona a análise das informações do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ele afirmou que a sistemática de cada avaliação funciona de maneira distinta. “Os dados do Saeb podem ser comparados de uma edição para outra, ao contrário do Enem, que tem provas com níveis de dificuldade diferentes de um ano para outro.”
Segundo o Saeb, a partir de 2001 houve avanço no desempenho dos alunos da 4ª série e permanência de queda no aproveitamento da 8ª série do ensino fundamental e 3º ano do ensino médio. Em 2001, a nota obtida pelos estudantes em português foi de 165,1 e, em 2005, a média subiu para 172,3. Já em matemática, o desempenho aumentou de 176,3, em 2001, para 182,4, em 2005. “A melhoria do desempenho na 4ª série ainda não pode ser comemorada porque o movimento de melhora deve ser confirmado entre esses mesmos alunos na próxima edição do Saeb, este ano”, alertou Haddad.
Em relação ao Enem, o ministro disse que a comparação depois da divulgação dos dados sobre o desempenho dos alunos entre 2005 e 2006 foi tecnicamente equivocada. “O próximo exame pode ter uma prova mais fácil e melhorar as notas dos estudantes, mas isso não significa que o desempenho deles terá melhorado em relação ao ano anterior”, falou. Haddad exemplificou a afirmação citando o caso da escola de Teresina, que teve a melhor nota do Enem 2006, com 74 pontos. No exame anterior, a mesma instituição obteve uma nota maior e não ficou entre as primeiras colocadas do País.
Tempo integral — Questionado pelo senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) sobre a escola em tempo integral, o ministro disse que é preciso resolver questões pendentes antes de implantar instituições públicas de tempo integral. “Precisamos resolver questões como o caso de escolas que têm três turnos, incluindo o chamado 'turno da fome', entre 11h e 15h. Temos que honrar uma agenda que está atrasadíssima, que é a escola de quatro horas”, declarou. Fernando Haddad citou uma pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC) sobre a importância da educação infantil para todo o ciclo da educação básica: crianças que fizeram a pré-escola têm mais chances de concluir o ensino médio do que estudantes que não tiveram a educação infantil.
Engajamento social — Haddad lembrou a importância do engajamento da sociedade para melhorar a qualidade da educação básica. Segundo ele, é necessário uma participação maior da população, já que este nível de ensino atende a 42 milhões de alunos e dois milhões de professores. O presidente da comissão, senador Cristovam Buarque (PDT-DF), concordou com o ministro. “A qualidade da educação deve ser implementada a partir de uma revolução e incorporada no cotidiano da população”, enfatizou o senador.
Flavia Nery
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