Direitos Humanos - 26/10/2011 10:16 Bope na Maré e Exército no Alemão Bruno Rodrigues e Thiago Ansel Há quase duas semanas, o Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro (Bope) realiza uma operação continuada no Conjunto de Favelas da Maré. As ações contam com 120 homens, veículos blindados e com o apoio do Batalhão de Choque, Companhia de Cães, Grupamento Aeromarítimo e, em alguns casos, da Secretaria de Ordem Pública. Blindadado do Bope estacionado em uma das ruas do Conjunto de Favelas da Maré. Foto: Cecília Olliveira De acordo com moradores, os policiais têm cometido uma série de abusos durante sua permanência nas favelas da Maré. “Passaram na minha rua ordenando que minha casa ficasse de porta aberta porque mais tarde eles iriam entrar e revistar tudo. O Caveirão às vezes para bem na porta das casas, impedindo que as pessoas saiam. Ninguém informa nada, os boatos proliferam e vão crescendo”, disse uma moradora que não quis se identificar. A operação tem sido marcada pela falta de informações. Quando não, por informações falsas. Logo na chegada do Bope à Maré, um helicóptero da polícia militar lançou sobre algumas das comunidades do conjunto de favelas, panfletos que informavam sobre o início de um processo de pacificação na área. Mais tarde, em nota, a Polícia Militar afirmou que a operação não tinha como objetivo a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) e que o material impresso arremessado do helicóptero era, na verdade, sobra de outra ação, ocorrida no Morro da Mangueira, Zona Norte. A assessoria de comunicação da Secretaria de Segurança Pública do Rio informou que os folhetos despejados sobre as favelas da Maré foram, na verdade, parte de “uma tentativa de confortar a população local, aproximando-a da força policial”. Outro morador que não quis se identificar tem uma opinião diferente: “Nos tratam como idiotas. Acho um abuso. Por que não jogaram um panfleto escrito apenas ‘denuncie’? Lançar um material que não é verdadeiro é um desrespeito à inteligência do morador. É não reconhecer o morador como cidadão. Ou seja, a pacificação nem teve início e já há um desrespeito, uma informação falsa”, critica. As informações truncadas não param por aí. Segundo matéria publicada no portal G1, às 20h, na última quinta-feira (20), a operação chegou ao fim. Porém, moradores afirmam ter visto policiais do Bope se movimentando dentro da favela dos Pinheiros, na Maré, na manhã desta sexta-feira (21). A assessoria de comunicação da PM desmente o término da operação e reafirma seu caráter continuado. “Não temos data para sair. Não é uma ocupação, mas são ações pontuais”, diz a Capitã Marlisa, da assessoria de comunicação do Bope. Tanque do exército cruza ruas do Alemão, enquanto moradores pedem paz. Foto: Davi Marcos Ontem, não muito longe, na Pedra do Sapo, no Conjunto de Favelas do Alemão, acontecia outra operação, sob o comando da Força de Pacificação - que ocupa o local desde novembro passado. Um Jipe do exército, equipado com alto-falante anunciava, em altos decibéis: “Senhores moradores, o Exército Brasileiro está realizando um mandado judicial em cumprimento da lei. (...) Qualquer ação contraria será considerada ato hostil e recebera a resposta necessária”. O Major Marcos Bolças, responsável pela comunicação da Força de Pacificação, defende a forma como foi realizada a ação. “Foi uma operação de busca e apreensão de armas, cumprindo um mandado judicial. Com o spot sonoro, nosso objetivo era informar os moradores do que estava acontecendo. Nós fomos enfáticos, porque a preocupação era que houvesse uma troca de tiros. A permanência das pessoas nas suas casas não é considerada um ato hostil". O sociólogo, especialista em segurança pública da Uerj, Ignácio Cano, declarou em matéria do jornal O Dia que o alerta sonoro não difere muito de um toque de recolher. “Na prática, o Exército determinou um toque de recolher aos moradores, que não têm obrigação de obedecer. Mas o próprio Exército avisa que quem não obedecer vai ser tratado como inimigo. Ou seja, é um absurdo, é grave”, diz. Apontada por analistas como uma das possíveis causas dos recentes conflitos entre forças de segurança e moradores do Alemão, a prorrogação da permanência do exército vem sendo questionada por profissionais da área de segurança pública. Em novembro de 2010, quando o conjunto de favelas foi ocupado por forças de segurança, o Alemão passou a conviver com 1.600 militares do Exército, além de duzentos policiais. A principio, a retirada das forcas estava prevista para este mês. Porem, na última segunda-feira (24), o governador Sérgio Cabral e o ministro da defesa, Celso Amorim, assinaram um termo que oficializa a prorrogação da permanência da Forca de Pacificação até junho de 2012. |
Novos índices Brasileiros como consumo, direitos de ir e vir, e culturas de locais distintos nos fazem questionar como a diversidade Brasileira vai tratar os outros, pois vejo pessoas que se dizem humanas à frente de cargos não reconhecer o outro ser humano. Por um 2015 humano.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Diferença só por conta da presença de estrangeiro rocinha e demais favelas
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