quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

repassando, A identidade do povo de pele preta nas terras alagoanas

03/01/2011 - 14:40

*O único secretário negro que compõe o governo de Alagoas é interino.*

*Arísia Barros*

*http://www.cadaminuto.com.br/blog/raizes-da-africa*

* *

A biografia do estado de Alagoas se confunde com a história da República dos
Quilombos.
Palmares pôs à prova a hegemonia da ordem escravocrata e promoveu o
enfrentamento a política de submissão ao status quo da época.

Em 2000, o Censo do IBGE afirmava que em Alagoas, a população negra
correspondia a 67% da população, passados onze anos o número recebeu
acréscimos, mas, a imagem política de Alagoas continua aprisionada a
estereotipia do Brasil Colônia.
Palmares morreu?

A interinidade do único secretário negro na composição do governo de Alagoas
oferece uma maior compreensão das estratégias da elite etnicista, que ao
promover a ascensão dos “ não-negros” ao poder, acaba com a fantasia da
democracia racial, a propalada miscigenação, gerando assim uma cadeia de
comando hegemônica e elitizada.

O discurso do estado é ideológico!

O governo promove um apartheid silencioso, tão naturalizado aos olhos da
sociedade, que a “interinidade” do único negro no quadro do poder é detalhe
de menor importância.
A expressão máxima da linguagem estatal revestida de estereotipia ao negro e
ao descendente de africano fruto da ideologia escravagista tem nome.

A isso damos o nome de racismo institucional que excluem os negros dos
cargos galgados por todos, mas, que continuam sendo ocupados só pelos “não
negros”, isso significa, tratar de forma desigual os ditos “diferentes”,
contraditoriamente em um estado que tem como um dos seus grandes marcos: o
grito negro pela equidade.
O racismo institucionalizado é determinante para a exclusão dos
afro-descendentes aos equipamentos sociais e a exigüidade desses espaços
privilegiados de poder mimetiza o povo de pele preta,afunilando a dinâmica
da sobrevivência identitária e como entidade política.
O poder contemporâneo do estado quase negro, Alagoas mantêm um secular
monólogo interior com a elite, composta por quase todos os homens, quase
todos brancos, ditos católicos e heterossexuais.

No quadro que se apresenta, os homens na composição da equipe governamental,
representam um percentual assustadoramente desproporcional: 97%. No quesito
gênero, a invisibilidade das mulheres traz verdades irrefutáveis: realmente
Alagoas é a República dos Marechais!

O padrão é único e indivisível.

Mudaram os personagens, mas a elite detém o poder e autoalimenta a
indiferença e passividade social como mecanismo de legitimação do apartheid
público e oficial.
E a massa popular denominada de povo, na sua grande maioria pobre, preta,
analfabeta e habitante das mal ajambradas periferias, “os vencidos” continua
a carregar, por “vinte conto” as bandeiras dos eternos vencedores...

São muitas as linguagens sociais para reinterpretar a simbologia da condição
de "passageiro" do único secretário negro da composição de governo.

Alagoas é uma ilha sitiada pelas iniqüidades étnicas e o povo de pele preta,
invisibiliza-se em seu lugar de conforto da decantada “morenice”...

Alagoas é uma ilha com mordaças bem atadas nas vozes dos movimentos sociais:
negros, feministas e etc,etc,etc.

Quando movimentos sociais não incomodam, o poder inocula neles políticas
próprias e universalistas e os imobiliza.

Em Alagoas o povo de pele preta ainda é O estranho.

Estrangeiro no território negro dos Palmares!

A identidade do povo de pele preta nas terras alagoanas é tão transitória
quanto o é “passageiro”, o único secretário negro da nova equipe formada
pelo reeleito governo de Alagoas.

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