terça-feira, 12 de maio de 2009

Atentado contra pescador acirra embate contra obra da Petrobras, em Magé

Sindicatos e parlamentares levam solidariedade ao Grupo Homens do Mar,
nesta sexta (8)

Fonte: Agência Petroleira de Notícias (www.apn.org.br)


Um atentado a tiros, na semana passada, contra Alexandre Anderson, uma
das lideranças do “Grupo Homens do Mar”, está mobilizando movimentos
sociais e sindicais que promoverão amanhã, 8, a partir das 10 horas,
um encontro de solidariedade aos pescadores de Magé, no Estado do Rio
de Janeiro. Desde que a Petrobras iniciou a construção de dutos,
exatamente no local onde lançavam as suas redes, os pescadores estão
impedidos de trabalhar. A localidade fica há cerca de 60 quilômetros
do Rio.

Em carta dirigida a entidades de defesa dos direitos humanos e a
alguns amigos, Anderson relatou, pouco depois do atentado, ocorrido no
dia 3 de maio:

“Caros amigos, neste momento estou indo para um lugar seguro, com
minha esposa e filho, longe de minha casa e trabalho, pois hoje por
volta das 00:30 horas, chegando da pesca, fui recebido a tiros, vindos
da direção do canteiro de obras do Projeto GLP da Baía de Guanabara,
onde verifiquei dois indivíduos correndo para minha direção. Os
disparos passaram próximo a mim alguns centímetros, sem contar as
ameaças constantes por telefone. Justamente no mesmo período em que
vem acontecendo o Protesto dos Pescadores em Praia de Mauá, em frente
ao canteiro do Projeto GLP - PETROBRAS S.A. Estou no dia de hoje
fazendo ocorrências policiais”.

Instituições vão pedir apuração dos fatos

Para o encontro de solidariedade desta sexta, já confirmaram presença
representações parlamentares e entidades como o Instituto de Políticas
Alternativas para o Cone Sul (PACS), Sindicato dos Petroleiros do Rio
de Janeiro (Sindipetro-RJ), Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas),
além dos mandatos dos deputados estaduais Marcelo Freixo (PSol) ,
Paulo Ramos (PDT) e a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia
Legislativa (Alerj).

Da Praia de Mauá, no município de Magé, onde vive a comunidade de
pescadores, o grupo pretende se dirigir à delegacia de polícia (66
DP), onde foi registrado o atentado, com o objetivo de entregar uma
carta ao delegado José Mario Alves dos Santos, exigindo apuração dos
fatos e proteção para Anderson. A delegacia fica na Avenida Santos
Dumont, em Piabetá (telefone 21-33995260).

Como tudo começou

A notícia do atentado contra Anderson foi recebida com indignação e
revolta não só pelos pescadores mas também pelos sindicalistas e
entidades de defesa dos direitos humanos.

Desde que a obra começou nem a Petrobras nem as duas empresas
contratadas se dispuseram a ouvir as razões dos pescadores. Em
resposta à indiferença e ao que entendiam como um desrespeito aos seus
direitos econômicos, sociais, políticos e culturais, os pescadores
radicalizaram, bloqueando a entrada do canteiro de obras. Já a
Petrobras e suas contratadas preferiram acirrar ainda mais o impasse,
preferindo a via jurídica.

No dia 2 de maio, as empresas obtiveram uma liminar, determinando a
retirada dos barcos dos pescadores do canteiro de obras. No dia
seguinte, 3 de maio, quatro tiros foram disparados na direção de
Anderson, que é presidente do Grupo Homens do Mar.

O bloqueio às obras começou no dia 9 de abril. Os pescadores alegam
que, sem ter como garantir o sustento de suas famílias, precisavam
chamar atenção de alguma forma.

A construção do duto faz parte do Projeto GLP da Baía da Guanabara,
estando a cargo da Petrobras, que optou por terceirizar os serviços,
contratando as empresas GDK S.A. e Oceânica Engenharia. As obras
integram o pacote do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, do
governo federal.

Os pescadores reclamam dos prejuízos incalculáveis e asseguram não ter
qualquer outra alternativa de trabalho. “Desde que o conflito começou,
eles estão dependendo da ajuda de amigos, familiares e instituições
até para levar comida para casa” – explicou Ronaldo Moreno, assessor
do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro.

Os pescadores denunciam prejuízos ao meio ambiente e garantem que a
construção do duto vai inviabilizar a pesca na região por até oito
meses, além de prejudicá-la por tempo indeterminado.

Para mais informações sobre o ato desta sexta, os contatos podem ser
feitos com o Grupo Homens do Mar, pelo telefone (21) 85427888.




www.apn.org.br

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