sábado, 19 de novembro de 2011

Pistoleiros matam liderança indígena no Mato Grosso do Sul repassem para o mundo

Pistoleiros matam liderança indígena no Mato Grosso do Sul

CAMPO GRANDE (MS). Um grupo de cerca de 40 homens armados atacou ontem um acampamento às margens da rodovia estadual MS-386, que liga Amabai a Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai, área de conflito entre indígenas da etnia kaiowá-guarani e fazendeiros. Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), testemunhas relataram que o cacique Nísio Gomes, de 59 anos, foi executado na frente de membros da comunidade que lidera, e dois adolescentes e uma criança estariam desaparecidos depois de terem sido vistos caídos no chão. Não se sabe se eles foram baleados e levados pelos criminosos ou se fugiram após o ataque.
De acordo com relato dos indígenas ao Cimi, o ataque ocorreu por volta das 6h30m de ontem. Metade do grupo que atacou os índios usava máscaras.
- Estava terminando a reza quando vi os homens chegando em caminhonetes. Gritei: "Papai, papai tem gente chegando". Ele (o pai) pegou a borduna quando os pistoleiros chegaram gritando "todo mundo no chão, todo mundo no chão" - contou Valmir Cabreira, filho do cacique assassinado.
Cabreira relatou que ainda tentou evitar a morte do pai, mas os criminosos logo começaram a atirar, usando munição de grosso calibre e balas de borracha:
- Acertaram meu pai na cabeça, no peito, no pescoço.
Ele contou ainda que os pistoleiros recolheram o corpo de Nísio e colocaram numa das caminhonetes, levando também dois adolescentes e uma criança de cinco anos.
Segundo Egon Heck, integrante do Cimi na região Sul de Mato Grosso do Sul, os indígenas, que montaram acampamento na região no início deste mês, estão traumatizados. Ele contou que, por onta desse episódio, classificado pelo Cimi como "um massacre", a Secretaria Nacional dos Direitos Humanos decidiu antecipar a vinda ao Estado, que estava marcada anteriormente para o início de dezembro.

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