quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

28 Quilombolas foram Detidos no ES

28 (vinte e oito) Quilombolas foram detidos , no mandado de busca e apreensão no Sapê do Norte na Comunidade Quilombola de São Domingos em Conceição da Barra no Espírito Santo, nessa mesma comunidade nos dias 20, 21 e 22 de novembro acontecerá a sexta edição do festival do Beiju.

28 Quilombolas foram Detidos no ES

28 (vinte e oito) Quilombolas foram detidos hoje, no mandado de busca e apreensão no Sapê do Norte na Comunidade Quilombola de São Domingos em Conceição da Barra no Espírito Santo, nessa mesma comunidade nos dias 20, 21 e 22 de novembro acontecerá a sexta edição do festival do Beiju.
130 policiais (é isso mesmo, não coloquei um zero á mais não) é esse o número de policiais vindos de alguns municipios, com caminhões e fortemente armados para cumprir os mandados. 09 (nove) Quilombolas foram detidos em casa.
Prederam também: 03 Caminhões, 07 tratores, madeiras/eucalipto, motoserras.
Mas o caso em que mais chamou atenção foi um policial que agrediu uma menor (neta do Berto Florentino, brincante do baile de Ticumbi de São Benedito de Conceição da Barra/ES) com um tapa no rosto, por desacato a autoridade.
A desculpa é a madeira (resto do eucalipto) usado pelos quilombolas para fazerem carvão, mais conhecido como 'facho' e isso justificaria a agressão como o tapa no rosto de uma criança levou, ao ver seu avô sendo levado pela 'polícia', disse: que eles não eram homens para levar o avô dela preso. Mulher, criança, Quilombola, veja o nível da violência e do despreparo da polícia para lidar com tal situação. E quem não reagiria assim ao ver um dos seus sendo preso?
Mas é essa a mesma polícia que extermina nas comunidades urbanas carentes, que tira a dignidade de inocentes com violência. Pra quem estão trabalhando? Defendendo quais interesses? Defender e proteger a honra da Aracruz Celulose, ou seja lá qual for seu outro nome. E nós, quem nos defenderá?
Paralelo a isso saiu a Portaria da Comunidade Quilombola de São Cristóvão/Serraria em São Mateus/ES, deixando empresas, fazendeiros e o Movimento Paz no Campo (MPC) de cabelos em pé e prontos para a guerra, e isso é só o início da intimidação para calar os quilombolas, bem ao contrário do que o MPC pregam na sua sigla que nada mais é do que a UDR disfarçada de movimento, apoiada pela bancada ruralista federal, governadores, prefeitos, vereadores e por aí vai.
Na real os conflitos estão se acirrando, a violência acontecendo nos quatro cantos do país em todo territorio onde há comunidades quilombolas, quilombolas sendo assassinados (mas isso a imprensa não mostra), Quilombolas ameaçados de morte sem proteção por sua vida entregues a própria sorte, mulheres e crianças violentados (as) pelo jogo do poder de empresas multinacionais, fazendeiros, grileiros de terra, poder judiciário, os governos nas suas instâncias, somos vítimas de racismo explicito num país que prega a democracia racial camuflada nos atos contra a população negra, smos vítimas no processo de invisibilidade pelos grandes meios de comunicação que escondem, mentem descaradamente, colocando seus interesses acima da verdade e nunca ouvindo o outro lado (nesse caso o nosso).
Por uma questão ainda indefinida no Governo Lula, onde cansamos de esperar por uma Reforma Agrária que dificilmente acontecerá nesse século, bem como as demarcações em Terras Quilombolas e Indígenas. Enquanto isso na sala da Injustiça nos criminalizam, nos batem, nos prendem, nos matam, nos processam.
Vai ficar pior? Mais companheiros e companheiras vão tombar? com certeza. Os chicotes estão invisiveis mais nos surram todos os dias, os jagunços e capitães do mato estão soltos a nossa procura, nossa cabeça valem ouro e será exposta em praça pública como exemplo para os demais e os troncos, esses sempre estão de pé. Invisíveis? Será?
Como diz uma famosa canção do Movimento Sem Terra e uma Frase da luta quilombola, que fica mais ou menos assim... E vamos entrar naquela terra e não vamos sair, nosso lema é ocupar, resistir e produzir, porque terra titulada é LIBERDADE CONQUISTADA.



"Já estou reescrevendo minha História, para traçar meu futuro, num desejo de conhecer meu povo e descobrir de onde vim.''

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Selma Huíla Nagô
(27) 9706-6087

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