segunda-feira, 4 de julho de 2011

SHOPPINGS APOSTAM EM CONSOLIDAÇÃO

Jornal do Commercio, 27/6/2011
SHOPPINGS APOSTAM EM CONSOLIDAÇÃO
Mesmo com queda de 0,2% nas vendas de março para abril, empresas mantêm projeção de faturamento 12% maior neste ano, apesar das medidas de restrição ao crédito. Até dezembro, 16 empreendimentos serão inaugurados no País
Anna Beatriz Thieme
As medidas de contenção do crédito adotadas pelo governo para frear a inflação não serão suficientes para desestimular o setor de shopping centers que, após experimentar nível de vendas recorde em 2010, caminha para mais um ano de crescimento robusto. Na avaliação de especialistas, o movimento observado já nesses primeiros meses confirmam a previsão de resultados fortes para as empresas do setor em 2011, fazendo com que o mercado brasileiro de shopping centers, ainda bastante fragmentado, siga firme em seu processo de consolidação.
Em plena expansão no País, o setor fechou 2010 com faturamento de R$ 87 bilhões, ante os R$ 74 bilhões de 2009, aumento de 17,5% no período, segundo dados da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). Após 11 meses seguidos de crescimento, pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou queda de 0,2% nas vendas do comércio em abril na comparação com março.
Apesar disso, o presidente da Abrasce, Luiz Fernando Pinto Veiga, descarta já haver preocupação em relação ao desaquecimento na atividade e mantém em 12% a expectativa de incremento nas vendas deste ano.
“Há uma tendência de queda apenas quando ocorre uma repetição desse movimento por dois ou três meses seguidos, o que ainda não aconteceu”, afirma. “É lógico que temos que esperar os dados de maio e junho, para ver se esse número negativo vai se repetir, mas acreditamos em uma reação já em maio, mês impulsionando pelas vendas do Dia das Mães”, acrescenta Veiga.
O dirigente afirma que a elevação em 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, para 10,25% ao ano, decidida na última reunião do Comitê de Polítia Monetária (Copom) do Banco Central, ainda não foi suficiente para frear os bons números que vinham sendo registrados pelo setor. “Os brasileiros não estão preocupados com juros.
Eles se preocupam mais em saber se a prestação cabe no bolso”, afirma o dirigente.“Esse último aumento da Selic vai pesar como algo em torno de R$ 3 na prestação de quem compra uma televisão, por exemplo. Para o consumidor, isso diz muito pouco”, acrescenta Veiga.
Segundo ele, considerando os sete empreendimentos já inaugurados este ano, são 415 os centros de compras desse tipo no País. Outros 16 shoppings, de acordo com o dirigente, deverão ser inaugurados até dezembro, confirmando o bom momento vivido pelo setor, responsável por 18,3% do varejo nacional e por 2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Esses resultados, segundo a Abrasce, são reflexos também de ações como a abertura de capital na bolsa de valores e a excelente gestão dos administradores.
Os recentes movimentos da BR Malls e do Grupo Iguatemi confirmam o otimismo ainda predominante no setor.
A primeira companhia obteve cerca de R$ 731 milhões em oferta global de ações no fim de maio, que serão destinados principalmente para aquisições de participação em shoppings do País, segundo informou a empresa na ocasião. Já o Grupo Iguatemi emitiu R$ 330 milhões de debêntures em oferta pública em março.
De acordo com a empresa, os recursos obtidos com a emissão seriam mantidos, inicialmente, em caixa e aplicações financeiras. Em seguida, poderiam ser utilizados em oportunidades de negócios, incluindo a aquisição de participação em shoppings e de imóveis.
O analista em varejo da SLW Corretora, Cauê Pinheiro, explica que o mercado brasileiro de shopping centers ainda é bastante fragmentado, com enorme espaço para consolidação. Estimativas do setor apontam que os três maiores grupos – BR Malls, Iguatemi e Multiplan – detêm cerca de 25% do mercado.
“Já pudemos ver nesses últimos meses alguns movimentos de oferta de ações e aquisições acontecendo.
Acredito que esse cenário irá persistir, já que o consumo ainda está bem aquecido e, portanto, propício para a expansão das empresas do setor em 2011”, afirma o analista.
Em linha, o dirigente da Abrasce também acredita em mais um impulso de aquisições de shoppings pulverizados pelos maiores grupos.
“Com toda certeza, esse movimento de consolidação do setor continuará a acontecer”, enfatiza. Ele alerta, porém, que, nesse caso, o aperto da economia poderá, sim, exercer leve influência sobre o movimento de aquisições.
“Pode ser que as companhias se sintam menos encorajadas a desembolsar nesse atual momento de aperto monetário.
Como também imagino que esse aperto deva durar no máximo um ano, talvez até menos, logo os grandes grupos voltarão a entrar com toda força no mercado de aquisições”, antevê o dirigente.

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