segunda-feira, 19 de abril de 2010

O atracadouro da devastação

Notícia - 16 abr 2010
Em audiência que debateu os impactos de um novo porto em Ilhéus, Greenpeace aponta para os danos à biodiversidade local. O porto pode muito bem ser feito em outra região.

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Procurador do Ministério Público Federal, Eduardo El-hage, entrega ao Ibama recomendação contrária à construção do Terminal de Uso Privativo da empresa Bahia Mineração Ltda, parte integrante do Complexo Intermodal Porto Sul, devido aos grandes impactos ambientais do projeto, durante a audiência pública realizada em Ilhéus Bahia. © Greenpeace / Lunaé Parracho

Ilhéus (BA) – A audiência pública sobre o licenciamento do Terminal da Bahia Mineração (Bamin), parte de um complexo de transporte que envolve ferrovia e atracadouros conhecido como Porto Sul, começou atrasada por causa das fortes chuvas que caíam sobre Sul da Bahia. O aguaceiro, no entanto, não afastou a audiência. Quando os trabalhos foram abertos, o auditório estava lotado. O encontro durou quase 12 horas e nele houve de tudo. Claque da empresa formada por gente que nem sabia porque estava lá, depoimentos emocionados de pescadores que serão afetados pelo projeto e discursos inflamados.

Ao fim da reunião, marcada por várias manifestações do Greenpeace contra a instalação do Porto Sul numa região que o Ministério do Meio Ambiente define como prioritária para a conservação da biodiversidade, ficou clara a oposição local à obra. Estiveram presentes representantes da Bamin, IBAMA, governo da Bahia, cidade de Ilhéus, Ministério Público Federal, organizações não-governamentais e a população local. O objetivo da audiência foi debater os impactos sócio-ambientais do Porto Sul. Atualmente, comunidades da região vem sendo bombardeadas por propagandas da Bamin.

O Greenpeace, aliado à organizações da região, questionou os efeitos do projeto na biodiversidade e na vida de quem depende dela para seu sustento. Essas são, aliás, questões que a Bamin não consegue responder. É evidente que a devastação que obrigatoriamente terá que acontecer na região para prepará-la para abrigar o complexo do porto tem tudo para afetar o turismo, a pesca e as matas que crescem na earea de implantaçnao do projeto. No primeiro caso, a Bamin não explica como um porto continuará atraindo turistas que acorrem ao local em busca de praias e natureza. Nos outros dois, ela mantém, igualmente, a boca fechada.

Eduardo Elhage, procurador federal, arrancou aplausos da platéia quando disse que fará todo o possível para impedir que o Porto Sul saia do papel. Ele já deu parecer contrário à construção. Depois dos discursos iniciais, o plenário foi aberto para perguntas. Foi nesse que o Greeneace deu início aos seus protestos, abrindo uma faixa qe dizia “Porto Sul, muito mais destruição”, numa clara referência que o Porto Sul crioiu para se vender à população local, “Porto Sul, muito mais que um porto”.

Ao longo dos blocos de perguntas, ativistas do Greenpeace, vestidos como as populações que sofrer os impactos do projeto, abriram outras faixas detalhando a devastação que a obra vai trazer para a região. ‘Pescadores’ seguraram a faixa que dizia “Porto Sul, muito menos peixe”. A carregada por ‘Turistas’ ecoava: “Porto Sul, muito menos praia”. As duas últimas apontavam que a obra traria impactos para a saúde e a segurança. O Greenpeace é contrário a construção do complexo sobretudo por conta de seu impacto sobre a vida marinha, já tão ameaçada pelo aquecimento global, a pesca ilegal e a falta de fiscalização.

Além disso, existem alternativas claras ao projeto, que poderia muito bem ser deslocado para áreas já degradadas na Bahia, como o Porto de Aratu.

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