sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Governador, o genocídio dos jovens negros, em Alagoas não é boato. É fato!

Governador, o genocídio dos jovens negros, em Alagoas não é boato. É fato!

por Arísia Barros

Acompanhei com o ouvido aguçado a entrevista do Secretário de Defesa Social do estado de Alagoas a uma rede de TV local, buscando estabelecer parâmetros sobre a visão sistemática do estado, ali representado pelo Secretário, com relação ao Mapa da Violência 2012- Os Novos Padrões da Violência Homicida no Brasil.
Nada foi dito. Negro na pauta governamental é tema incomodo e desconfortável.
A criminalidade em Alagoas tem estereótipo predeterminado: jovem, negro e residente nas periferias.
No ano 2000, o estado de Alagoas ocupava o 11º lugar nos índices de violência, hoje lidera esse ranking e somos nós a população negra o alvo preferencial das “balas perdidas”.
A população alagoana negra faz parte de uma equação mortal: racismo versus omissão-exclusão social.
A gestão política do estado de Alagoas faz muito, estabelece zonas de conforto, que reflete a visão minimista estatal de pensar a segurança da população: mais armas, mais presídios, mais policiais na rua.
E só!
Conceitos que se tornam facilmente reproduzíveis no seio da sociedade: prender bandido, matar bandido para que, nós, os outros possamos viver livres do mal.
E esse mal, introjectado coletivamente como objeto ordinário, tem cara preta.
Faz muito, o povo negro alagoano vive no arrastão da história, em estruturas sociais previamente arquitetadas, tratado como quinquilharias baratas.
O povo de pele preta nas ruas, da República dos Palmares, é presa fácil das abordagens policiais. Parar e revistar o “elemento suspeito” diz a cartilha.
E já passou da hora, Governador, de fazer valer as políticas afirmativas propostas pelo Movimento Negro Unificado e gestadas pelo governo federal, visando garantir oportunidades e a concretização do direito aos nossos adolescentes e jovens alagoanos de terem a perspectiva e expectativas de futuro, com qualidade de vida.
É hora de tirar do papel discursivo a Delegacia Especializada Combate aos Crimes Contra as Minorias, estabelecida e autorizada pela Lei Delegada nº 44/2011.
É hora de tirar do papel a escola com pedagogia antirracista, não homofóbica, não sexista.
O estado, como política coesa e unificadora entre órgãos e secretarias, carece sentar a mesa com especialistas das representações negras deste estado, Excelência, assim como o Secretário de Defesa Social celeramente atendeu a solicitação dos lojistas- para que possamos discutir caminhos possíveis.
Em Alagoas meninos e jovens negros ou não são reféns vitimizados pela geografia das múltiplas violências, dentre elas o racismo.
Meninos e jovens estão sendo dizimados. Mães e pais enterram cotidianamente seus filhos numa inversão de etapas.
Histórias sem futuro.
A morte de tantos jovens alagoanos é como massa esponjosa que expões as vísceras do descaso institucional à vida dos jovens de um dos maiores segmentos da população brasileira.
É preciso auscultar o Mapa da Violência 2012- Os Novos Padrões da Violência Homicida no Brasil.
Excelência é hora de Alagoas dar um basta ao racismo!
Chega da paz de cemitério ou mais um “Aqui jaz”!


*Governador, o genocídio dos jovens negros, em Alagoas não é boato. É fato!*

*Arísia Barros ***

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