sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

"Ela forçou o resto de nós a nos levantarmos. Foi um esforço consciente de uma lutadora pela liberdade", disse Jackson, durante entrevista coletiva em Johannesburgo pense Brasil

Rosa Parks, símbolo da luta anti-racista nos EUA, morre aos 92 anos 
Rosa Parks, a costureira negra que, em 1955, se recusou a obedecer a lei de apartheid racial no Alabama, marcando o início da luta pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, morreu aos 92 anos. O advogado de Rosa afirmou que ela morreu dormindo em sua casa, na cidade de Detroit, estado do Michigan. 
Rosa se recusou a ceder seu banco em um ônibus a um homem branco, o que levou a um boicote em massa dos negros ao transporte público do estado. O protesto levou ao fim da segregação nos transportes públicos e culminou em 1964, com a Lei dos Direitos Civis, que transformou a segregação racial em um ato fora da lei nos Estados Unidos. 

Prisão e multa 

Rosa Parks era uma costureira de 42 anos quando entrou para a história americana. No dia 1º de dezembro de 1955 ela estava em um ônibus na cidade de Montgomery, Alabama, quando um homem branco exigiu que ela se retirasse do banco onde estava para ele poder se acomodar. 

Rosa se recusou a sair, desafiando as regras que exigiam que pessoas negras se sujeitassem a abrir mão de seus lugares no transporte público para brancas. Com este ato, Rosa foi presa e multada em US$ 14. 

A prisão da costureira desencadeou um boicote de 381 dias ao sistema de ônibus, organizado pelo pastor da Igreja Batista, Martin Luther King Jr. Anos mais tarde, Luther King ganharia o Prêmio Nobel da Paz graças à sua luta pelos direitos civis nos Estados Unidos. 

Em 1957, depois de ter perdido o emprego e recebido ameaças de morte, Rosa e seu marido, Raymond, se mudaram para Detroit, onde ela trabalhou como assistente no escritório de um congressista democrata. 

"Ela era muito humilde, falava baixinho. Mas por dentro ela tinha uma determinação que era feroz", disse o político John Conyers. "Ela tinha qualidades de uma santa", acrescentou Conyers, para quem Rosa trabalhou como recepcionista de 1965 a 1988. 

"A verdadeira razão de eu não ter cedido meu banco no ônibus foi porque senti que tinha o direito de ser tratada como qualquer outro passageiro. Aguentamos aquele tipo de tratamento por muito tempo", disse Rosa em 1992 a respeito de seu ato em 1955. 

Em viagem à África do Sul, o reverendo Jesse Jackson, um dos principais defensores dos direitos civis nos Estados Unidos, enalteceu Rosa, lembrando que seu ato aparentemente simples forçou os negros americanos a "se levantarem" pelos seus direitos. 

"Ela forçou o resto de nós a nos levantarmos. Foi um esforço consciente de uma lutadora pela liberdade", disse Jackson, durante entrevista coletiva em Johannesburgo. 

Ele se referiu a Rosa como uma "mulher de grande coragem, que conscientemente arriscou sua vida e enfrentou a prisão para romper com o sistema do apartheid". 

"Rosa Parks era verdadeiramente a mãe do movimento moderno pelos direitos civis", disse Julian Bond, dirigente da maior organização de defesa dos direitos dos negros, a NAACP, da qual ela era membro desde que aquele dia em que desobedeceu a lei de apartheid americana. 

No entanto, foram precisos 41 anos para que o governo americano reconhecesse o ato de Rosa e a premiasse com a "Medalha Presidencial pela Liberdade", em 1996. Em 1999 o Congresso americano outorgou a ela a Medalha de Ouro, a mais alta honraria civil. 

Com informações da BBC

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