Lula pede "menos analistas de mercado e mais analistas sociais" contra crise
Roma, 10 nov (EFE).- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu hoje em Roma diante do chefe de Estado da Itália, Giorgio Napolitano, a necessidade de recorrer "a menos analistas de mercado e mais a analistas sociais" para resolver a crise financeira internacional.
"Acho que agora os governantes devem entender que devemos escutar menos os analistas de mercado e mais os analistas sociais, de desenvolvimento", afirmou Lula durante a entrevista coletiva posterior a seu encontro com o presidente italiano.
Lula apostou por dar "mais voz e voto" aos países pobres no cenário internacional durante o primeiro ato oficial previsto em sua visita oficial a Roma e ao Vaticano, na qual está previsto um encontro com o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, e com o papa Bento XVI até quinta-feira.
Lula e Napolitano conversaram hoje sobre a posição que seus países levarão à cúpula do G20 no sábado, que reunirá em Washington os chefes de Estado e de Governo das sete maiores economias mundiais e países emergentes como o Brasil.
"Não faz sentido que os temas que afetam toda a comunidade internacional sejam debatidos só pelos mais ricos", disse Lula ao presidente da Itália, país que juntamente com Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Canadá e Japão, integra o Grupo dos Sete (G7, sete nações mais industrializadas).
"Esta crise é uma oportunidade extraordinária para regular tudo o que fizemos mal e para abrir um novo processo" que leve à criação de um novo sistema econômico internacional que "seja imune à aventura do capital especulativo".
Lula, que aproveitará sua visita oficial a Roma para se reunir com empresários italianos e reforçar os laços econômicos entre Brasil e Itália, apostou por um sistema financeiro "mais transparente e com regras mais rígidas", que permitam reforçar os mecanismos de controle internacional.
Segundo Lula, neste "momento de grave crise internacional", os políticos devem fazer com que os trabalhadores sejam o motor da economia, e não a especulação.
Os presidentes de Brasil e Itália apostaram por levar uma posição comum à cúpula do G20, e Lula adiantou que na reunião que terá amanhã com Berlusconi, continuará tratando da maior participação dos países em desenvolvimento na esfera política internacional.
Nesta linha, Napolitano afirmou que durante o período de Presidência italiana no Grupo dos Oito (G8, formado pelo G7 e a Rússia), que começa em janeiro, seu país perseguirá um "maior acordo" entre os países do bloco e as nações emergentes, para juntos assumirem a agenda global.
O presidente italiano defendeu a intensificação da relação entre a União Européia (UE) e América Latina através do Brasil, que será o "ponto de referência da cooperação entre essas duas grandes regiões".
Os presidentes do Brasil e Itália, nações que em 2007 registraram trocas comerciais de US$ 8 bilhões, estão dispostos a reforçar e intensificar as relações econômicas entre os dois países.
Para isso, Lula participará amanhã de um encontro entre empresários brasileiros e italianos, e depois se reunirá com Berlusconi para abordar a ampliação do G8 aos países que compõem o chamado Grupo dos Cinco (G5), formado por Brasil, Índia, China, México e África do Sul.
Na quinta-feira, antes de embarcar em direção a Washington, Lula terá uma audiência com o papa Bento XVI, em retribuição à visita do pontífice ao Brasil em maio de 2007.
Na audiência com Bento XVI, serão discutidos temas como solidariedade entre os países mais pobres, a luta contra a fome e a pobreza, assim como os esforços pela paz e o respeito aos direitos humanos.
A visita de à Itália de Lula, que chegou ontem a Roma, acontece depois da viagem realizada ao Brasil em maio de 2000 pelo então presidente italiano Carlo Azeglio Ciampi. EFE
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