quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Mulheres Negras em destaque

  Mulheres Negras em destaque
Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha é celebrado em grande estilo

POR BRUNNO BRAGA | FOTOS XAN

LUTA PELA INCLUSÃO
Instituído pela Organização das Nações Unidas em 1992, após encontro que reuniu 70 países, o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha tem como objetivo levantar temas e trazer discussões que visem analisar os desafios enfrentados pelas afrodescendentes na região. No Brasil, apesar dos avanços, alguns números mostram que a mulher negra anda sofre dentro de um processo de exclusão social. De acordo com estudos divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 28,19% das mulheres negras de 15 anos ou mais não sabem ler ou escrever, enquanto entre as brancas esse índice é de 9,9%. No entanto, o fosso entre gênero e raça torna-se mais evidente no mercado de trabalho. As mulheres negras predominam no trabalho doméstico com 35,53%, enquanto a mulher branca representa 15,69% (dados do IBGE/PNAD, 2002).
Maria Ceiça, representando a Rainha Ginga
Para a secretária de Comunidades Tradicionais da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República, Ivonete Carvalho, o evento veio ao encontro das propostas de políticas de inclusão desenvolvidas pelo governo federal. "A questão da mulher negra tem sido uma prioridade em nossa gestão desde a criação da SEPPIR, em 2003, quando tivemos o privilégio de ter uma mulher negra como primeira ministra, que foi a Matilde Ribeiro. Para as mulheres negras, esse é um passo extremamente importante e, hoje, eu tenho a responsabilidade de coordenar as políticas para as comunidades tradicionais em nível nacional. O Da Cor, da Raça, Nação Mulher é extremamente importante com as inúmeras atividades propostas e suas refl exões. Vamos continuar essa caminhada juntas, nos somando aos projetos das comunidades tradicionais do Rio de Janeiro para contribuir para que a mulher negra seja protagonista nesse processo, explicou Ivonete. Adriana Baptista, contratada pela Base Rio para coordenar as palestras no evento, disse que o saldo final foi bastante positivo. Divididos por temas que versavam sobre educação, beleza, saúde, políticas públicas e batizado de "Rodas de Conversas", o objetivo era dar um ar menos sisudo aos debates, deixando os participantes à vontade como se estivessem numa roda de amigos, contando suas experiências de vida, preocupações com saúde e dicas sobre empreendedorismo. "Todo o cenário foi pensado para que as convidadas (palestrantes) se sentissem na varanda da casa de uma amiga. A ideia era quebrar o gelo normalmente imposto pela sobriedade dos auditórios das universidades. Queria mostrar para a plateia que todas aquelas mulheres, em algum momento de suas vidas, se cruzavam com as nossas trajetórias.
No encerramento do evento, o momento de grande emoção contou com a participação da premiada escritora Conceição Evaristo, e uma homenagem à Vó Maria pelos seus 100 anos de vida. Segundo Adriana, a festa Da cor, Da raça, Nação Mulher foi inspirada no projeto cultural desenvolvido por Vera Mendes, fundadora do Bloco Afro Agbara Dudu, no início dos anos 80, no Rio de Janeiro. "A exemplo do Olodum e Ylê Ayê, em Salvador, ela trouxe esse conceito de festa de exaltação e resistência da cultura negra. O nome era a Noite da Beleza Negra, que chegou a reunir 10 mil pessoas em espaços como Clube Renascença, quadras da Portela, Império Serrano. Era o evento mais esperado do ano. Tinha tudo num só lugar: música , desfiles, artesanatos, moda afro, comidas típicas. E muita gente bonita e feliz."
Rose de Oliveira (de blusa colorida), organizadora do Da cor, Da raça, Nação Mulher, e a equipe da Base Rio

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