segunda-feira, 13 de julho de 2009

Em 2009, o rock brasileiro está em uma encruzilhada de um único caminho

Seg, 13 Jul, 09h18

Por Regis Tadeu, colunista do Yahoo! Brasil

Hoje comemora-se o Dia do Rock, uma data sem qualquer significado prático, que tem o mesmo valor que o Dia do Quiroprático e o Dia do Pasteleiro. E a data não tem a menor importância justamente porque não há motivo para comemoração, principalmente se levarmos em conta o que anda acontecendo no rock brasileiro.

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E não escrevo isso por conta de uma hipotética ausência de bons nomes dentro do cenário nacional - pelo contrário, algumas bandas andam fazendo trabalhos muito interessantes -, mas por causa do absoluto desinteresse das pessoas em saber o que anda acontecendo no rock brasileiro.

É isso mesmo o que você acabou de ler. A grande maioria das pessoas acha que bandas razoavelmente antigas - Titãs, Paralamas, Barão Vermelho, Engenheiros do Hawaíi - ainda servem de parâmetro para o cenário nacional. Infelizmente, não servem mais, principalmente pelo fato de que estas mesmas bandas não conseguiram renovar o seu público - o único dos grupos remanescentes do chamado "BRock" dos anos 80 que conseguiu tal proeza foi o Capital Inicial, muito menos por sua música e muito mais por conta do apelo do vocalista Dinho Ouro Preto com a mulherada adolescente, que transborda progesterona. Também é estarrecedor perceber que essa massa de pessoas pensa que o rock brasileiro atual resume-se a meia dúzia de bandas emos, com "destaque" para os pavorosos NxZero, Fresno, o sumido CPM 22 e outros menos votados.

O mais incrível é que o desinteresse das pessoas por aquilo que rola hoje em dia acontece no momento em que toda e qualquer informação musical está disponível a todos na Internet. Não há mais desculpa para alguém dizer que não teve a oportunidade de conhecer um determinado disco de uma banda brasileira. Tudo está à disposição. Mesmo assim, bandas nacionais novas e bacanas ainda tem que penar, se submetendo a tocar em condições precárias nas pouquíssimas casa de shows existentes nas grandes metróples, o que também é um contrasenso inacreditável. Além disso, não há mais o apoio "$incero" das rádios, já que as gravadoras não têm mais "verba de divulgação" para seus artistas, e nem mesmo a MTV tem hoje o importante papel que desempenhou no passado.

O que resta às bandas? Divulgar os seus trabalhos como puder, tocando em festivais de qualidade sofrível, disponibilizando imagens de shows e clipes no YouTube, rezando para serem notados, e contar com o interesse de uma molecada cada vez mais ávida pela quantidade e não pela qualidade. Hoje, tudo envelhece muito rápido. Uma banda relevante do mês passado já é considerada ultrapassada no mês seguinte.

É claro que tem muita gente fazendo porcaria, mas isso acontece em qualquer segmento musical, seja ele brasileiro ou internacional. Mas isso não pode ser usado como desculpa para alimentar o desinteresse por um cenário que cada vez mais se transforma em uma "operação de guerrilha", em que bandas bacanas tentam conquistar corações e mentes de modo lento e gradual.

Sabe a tal "encruzilhada" que cito no título deste artigo? Ela se refere às duas opções que o rock brasileiro em geral têm nos dias atuais: sair de sua "zona de conforto" e buscar novas alternativas de divulgação na internet ou cativar novos públicos com shows incessantes. Só que a tal "encruzilhada", na verdade, é um caminho único, pois uma coisa depende e, ao mesmo tempo, complementa a outra. E isso vale tanto para bandas já estabelecidas como para aquelas que ainda estão restritas às garagens e estúdios cheirando a mofo.

O que o rock brasileiro precisa urgentemente é esquecer os velhos vícios. Esquecer do rádio e da TV. Estar em uma dessas mídias já não é mais passaporte seguro e certeiro para o sucesso - quantas bandas você viu ultimamente na TV, nos "Faustões", "Ídolos", "Astros" e "Gas Sounds" da vida, que realmente tiveram suas carreiras alavancadas por conta dessas exposições? Nenhuma! Primeiro, porque realmente eram e são grandes porcarias; segundo, porque esses meios de comunicação perderam completamente a força perante um público cada vez mais disperso. E aí entra o tal desinteresse que citei no início deste artigo. Viu como o ciclo se fecha?

Por isso, no tal Dia Internacional do Rock, tudo o que o rock brasileiro precisa é de gente talentosa, com boas canções e idéias criativas na tarefa de vencer a barreira do descaso do público. Abaixo, dou minha singela contribuição para que você conheça algumas bandas bacanas dentro da nova cena do rock brasileiro.

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