sábado, 28 de maio de 2011

Educação Profissional

Empresas investem em cursos técnicos
Educação Profissional

As indústrias catarinenses têm ampliado os investimentos na formação profissional de seus colaboradores e de pessoas das comunidades vizinhas onde atua. A iniciativa conta com a parceria do Senai-SC, que somente este ano, abriu seis novos cursos técnicos de nível médio. As companhias asseguram a melhoria do desempenho da força de trabalho e promovem a responsabilidade social, além de prevenir os impactos da carência atual e futura de profissionais qualificados, que aumenta com a economia aquecida.

Uma das parcerias consolidadas é com a Tractebel Energia, em Capivari de Baixo, na capacitação técnica de operadores de usinas termelétricas. "Não se encontra esse profissional pronto no mercado de trabalho e tivemos que estudar alternativas para contratar e qualificar os operadores", explica o engenheiro Artur Roberto Frota Ellwanger, gerente de geração térmica do Complexo Jorge Lacerda e idealizador e primeiro coordenador na empresa do projeto do curso técnico de Processos de Geração de Energia.

Antes de iniciar a parceria com o Senai, a Tractebel criou um programa interno de qualificação, contudo, a necessidade era de um profissional mais qualificado, em nível técnico – programa de dois anos, dirigido a pessoas que concluíram ou estejam cursando o ensino médio. "Além disso, a empresa também se preocupa com a questão social e percebemos que é uma forma de proporcionar um benefício à comunidade", afirma Ellwanger.

Adriano Medeiros Marcelino trabalhava numa pequena empresa em Tubarão quando se candidatou a uma vaga em um curso técnico. "Eu fazia serviços gerais numa confecção de administração familiar. Hoje eu atuo na Tractebel Energia, multinacional que investe no desenvolvimento, na qualidade de vida e estimula hábitos saudáveis dos colaboradores", destaca Adriano, assegurando que "o emprego estava muito além dos meus sonhos: uma realização muito grande poder trabalhar na maior empresa aqui da região".


O fato de apoiar e financiar a formação de profissionais que depois podem atuar na concorrência não preocupa a Tractebel. Vários ex-alunos estão trabalhando em empresas de outros grupos do setor elétrico. "Observamos com bons olhos, pois estamos cumprindo com os objetivos do curso. O propósito não é apenas formar operadores para a Tractebel, mas também contribuir com as pessoas das comunidades onde estamos inseridos".

Dos cursos técnicos iniciados em 2011, os de celulose e papel, eletrotécnica e mecânica são ministrados em parceria com a Celulose Irani, de Vargem Bonita. O diretor de administração, finanças e relações com investidores da Irani, Odivan Carlos Cargnin, destaca que a empresa ganha com a qualificação de seu quadro e com a ação social de apoio à comunidade. "Estamos abrindo vagas por que há uma necessidade constante de promover o desenvolvimento da comunidade e mantê-la motivada". A fábrica está instalada em Campina da Alegria, localidade cujos habitantes, em sua grande maioria, são funcionários da empresa. Cargnin ressalta que a Irani promove ações de responsabilidade social em todas as comunidades onde possui plantas fabris.

Schirlei Knihs Freitas, gerente de recursos humanos da Zen, de Brusque, aponta "a motivação dos colaboradores" como outro benefício que as empresas alcançam com iniciativas do gênero. A Zen mantém parceria no curso técnico em Mecânica, que atende 32 funcionários. Mas o melhor desempenho da força de trabalho obviamente não vem apenas da motivação extra que as pessoas ganham ao serem selecionadas para um curso técnico pago pelo empregador.

A especificidade dessa formação, que une teoria à prática, acaba se refletindo nas atividades diárias dos colaboradores, explica Miguel Ângelo Bocalon, sócio e diretor da Sysmo, empresa que apoia o curso técnico em Informática do Senai de São Miguel do Oeste. A Sysmo paga parte das mensalidades dos participantes, inclusive das pessoas da comunidade, coloca seus profissionais para atuar como docentes e abre suas portas para aulas práticas.

A melhoria do padrão de vida foi a grande conquista de Ademir Cruz dos Santos depois de fazer um curso técnico. Funcionário de uma empresa terceirizada, que realizava a limpeza e conservação da Usina Termelétrica de Alegrete, no Rio Grande do Sul, da Tractebel Energia, Ademir não via muitas perspectivas em sua cidade. Por isso, quando passou na seleção para o curso, sua vida começou a mudar. Não sem sacrifícios.

Mesmo com uma filha pequena, ele pediu demissão e se mudou com a família para a região de Tubarão, em Santa Catarina. Viveu os primeiros meses com o seguro-desemprego e depois foi contratado por algumas das empresas que prestam serviços ao Complexo Termelétrico Jorge Lacerda. E teve que pedir demissão novamente para realizar o estágio. As dificuldades são coisas do passado; agora Ademir é operador da Usina de Charqueadas, também no Rio Grande do Sul. "A Tractebel sempre foi o sonho, uma empresa que eu almejava alcançar. Não foi fácil, mas hoje eu estou aqui. Fui contratado."
Foto: Adriano, da Tractebel Energia

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