Tags: mídias social, redes sociais, SNA, sociometria
A história já provou: a novidade atrai os novos profetas. Não que mídias sociais sejam novidade, afinal, aquelas que reúnem jogadores de videogame já existem e já são exploradas comercialmente há quase uma década. Mesmo assim, não podemos negar o zunzunzum atual em torno delas.
Na esteira desse movimento, surgiram nos últimos meses dezenas de empresas e consultores “especialistas” em redes sociais. Entretanto, o que se tem visto até o momento são ações e conselhos baseados no achismo ou no “feeling”.
Se olharmos para trás, iremos encontrar algumas saídas que nos tirarão deste empirismo. Na sociologia, o campo que dá conta deste assunto é o da Análise de Redes Sociais (SNA, em inglês). Ele se dedica a propor métodos para a mensuração das relações de poder e influência, identificar pontos de concentração das informações, enfim, trata-se de uma área multidisciplinar – e, por isso, fascinante – que envolve, além da própria sociologia, estatística, matemática, comunicação e tecnologia.
Conhecer um pouco mais sobre SNA nos leva a questionar certas ações propostas por esses profissionais que, no fundo, não oferecem embasamento ou indicadores claros que permitam mensurar a real eficácia de uma ação de comunicação realizada neste tipo de ambiente.
Por exemplo, um dos melhores perfis para realizar ações no Twitter seria o de Marcelo Tas. Afinal, ele é dono de uma rede com mais de 280 mil seguidores. Logo, qualquer mensagem chegará a praticamente todos os rincões da “twittersfera”. Entrentanto, aplicando a metodologia de mensuração da SNA, veremos que isso não é verdade. Como a maioria dos seguidores de Tas são atraídos pela sua popularidade na TV ou por matérias na imprensa sobre o Twitter, essas pessoas não têm muitos seguidores de segundo nível. Basta conferir a lista de followers do jornalista para verificar o quão difícil é encontrar um perfil que tenha mais de 50 seguidores. Resumindo, uma mensagem difundida por ele perde força já na primeira camada da rede. Por outro lado, perfis com menos seguidores de primeiro nível, mas com uma rede de segundo nível mais concentrada, têm potencial e eficácia de comunicação muito maiores.
No exemplo hipotético a seguir, podemos observar isso. Suponhamos que Tas possui 6 seguidores e cada um deles é seguido por outras 2 pessoas. Se toda a rede de primeiro nível retuitar o jornalista, a mensagem original chegará a 12 18 usuários. O segundo usuário tem menos seguidores de primeiro nível (3), porém eles possuem uma rede de segundo nível muito mais forte, com 8 seguidores cada. Logo, se uma mensagem for retransmitida por toda a rede, ela chegará a 24 27 pessoas, ou seja, o dobro 50% a mais em relação à Tas.
A partir desta observação, quem você sugeriria para uma ação em redes sociais? Por esse motivo, na próxima vez que for contratar um consultor ou uma empresa “especializada” em redes sociais, pergunte como andam os conhecimentos em SNA.
quem quer se aprofundar em comunicação na redes sociais sugiro conhecer inicialmente o trabalho da Orgnet e comparar com aquilo que é oferecido no Brasil pelas ditas agências 2.0. Em seguida, vale uma parada no site da International Network for Social Network Analysis. Por fim, indico a leitura do e-book Introduction to Social Network Methods, que oferece uma bela visão sobre o tema. Com isso, você estará bem munido para encarar de forma crítica os argumentos e as proposta superficiais desses novos profetas da web 2.0.
(Andre de Abreu)
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