quarta-feira, 16 de março de 2011

Negros na Universidade - O grande desafio

Baseado em fatos reais, o filme reconstrói o projeto do professor Tolson através da lentes hollywoodiana para a narrativa que nos dá a dimensão do caminho a ser percorrido na preparação e consecução desse tipo de atividade acadêmica. Para trabalhar o emocional do seu time o professor pede que recitem exaustivamente o texto:



Quem me julga é Deus. Os meus adversários são apenas pessoas que discordam da minha verdade. Ele é quem decide quem ganha e quem perde. Não o meu adversário. Meus adversários não existem, porque são só vozes que discordam da minha verdade. Falemos a verdade.



Destaque para o aluno Henry Lowe (Nate Parker), que mesmo com história de infância com criminalidade e a condição de ex-detento conseguia ver na leitura e na solidão do passeio de barco nos alagados (swamps) o retiro espiritual para a fuga de seus dilemas pessoais entre a simplicidade e os prazeres da vastidão mundo. A presença femenina da atriz Jurnee Smollett no papel da emotiva Samantha Booke registra a força da mulher negra afro-americana ladeando a representatividade masculina nos debates de temas que definem o estilo de vida americano. Logicamente, a rebeldia inata destes confronta os valores de militãncia do mestre, que vê nessas atitude uma virtude e ao mesmo tempo um ponto negativo a ser trabalhado. Aos pouco o filme vai revelando um lado obscuro na personalidade do Sr. Tolson, que logo no inicio do filme aparece repentinamente, travestido de morador local, em um bar nas região pantanosa para livrar o seu pupilo de cometer mais um crime. Numa das cenas de desafio pelo jovem Henry, ele o rebate com a explanação de fatos que deu origem a palavra linchar:



Palavra originária do sobrenome Lynch de um dono de escravos nas Ilhas Antilhas, muito conhecido no universo escravocrata pelos seus métodos de combate à insurreição de escravos. Contratado por fazendeiros da Virgínia, sul dos Estados Unidos da América, pelo que seu modo tinha de simples e diabólico para conter negros fortes, inquietos e malvados. Qualquer verosemelhança com as barbáries da modernidade do século XX e os relatos na imposição do poder pela coação nos micro e macro espaços da presença negra em submissão, “reféns do medo”, ou seja, o Sr. Lynch do nosso tempo corta a própria carne. A técnica do Sr. Lynch consistia em:



Depois da barbárie para exemplo dos demais, dê golpes e chicotadas quase até a morte, mas não mate os negros que sobraram. Incuta-lhes o medo de Deus, pois eles podem ser úteis no futuro. Mantenha os escravos fisicamente fortes, mas psicologicamente débeis e dependentes do dono, isto é, mantenha o corpo e remova a mente.

Com trilha sonora recheada de Lind Hop ou Charleston, versão afro-americana do nosso Sambarock. Aquele abraço e a sugestão para a galera ning – “Eu Amo Sambarock”. Não sei porque, mas as entrelinhas dos temas debatidos sugerem algo de Paulo Freire. Talvez influenciado pela própria filmogragia, a câmera do diretor Denzel procura retratar com fidelidade a trajetória de 10 anos do imbatível grupo de alunos negros da Universidade Wiley do Texas.



http://projetomuquecababys.wordpress.com/2011/03/14/o-grande-desafio/

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