terça-feira, 27 de outubro de 2009

Hackers acusam TSE de manipular desafio de urnas eletrônicas

Hackers dizem que o desafio lançado pelo Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), que pediu a piratas da internet de todo o País para que tentem
fraudar o sistema de urnas eletrônicas é, na verdade, apenas uma forma
de “provar” que o mecanismo eletrônico é inviolável. Segundo eles, o
TSE manipula as regras do jogo, limitando os softwares que eles podem
usar na tentativa de violar as urnas. O TSE afirma que “não pretende
cercear nenhum investigador”.

“A realidade é uma só. Eles, do TSE, não querem correr o risco. Por
isso escolhem os softwares a serem usados. Fica complicado assim. Um
software que é usado para ‘crackear’ e ‘hackear’ hoje custa em torno
de R$ 30 mil. É quase impossível adquirir a licença de forma legal. Se
pudéssemos usar (qualquer ferramenta) seria outra coisa e a realidade,
outra. Com certeza a perícia forense nesses sistemas (ilegais) seria
frágil”, comenta o hacker Álvaro Falconi, moderador do fórum
www.forum-hacker.com.br, grupo de discussão sobre a atividade na
internet.

Entre os profissionais que trabalham para testar a segurança de
sistemas informatizados, a preocupação com o desafio do TSE é que, em
função de lidar com o Poder Judiciário, eles possam ser processados se
tentarem violar as urnas eletrônicas utilizando softwares piratas.

“Ter acesso (ao conteúdo interno da urna) não é o problema. O problema
é eu ser preso por usar softwares ilegais. Em grandes fóruns
brasileiros sobre o tema, o pessoal só diz isso. Só com esses
softwares e possíveis hardwares (piratas) pode ser possível a invasão
do sistemas do TSE. Os softwares que o governo vai disponibilizar, nem
em computadores domésticos conseguem ser explorados”, alerta. “Não tem
como burlar (as urnas com os programas sugeridos pelo TSE). Todos, até
leigos no assunto, sabem que isso é malandragem deles. Se eles querem
testar se as urnas deles realmente estão seguras, teriam que deixar
usar as ferramentas que nós temos”, critica o hacker.

Além da proibição óbvia de que os piratas da internet não podem,
durante o teste, jogar as urnas eletrônicas no chão e as abrir
fisicamente com chaves de fenda, por exemplo, o edital garante margem
para que programas ilegais ou roubados, principal mecanismo dos
crackers, sejam preferencialmente evitados nos testes.

“Como verdadeiros hackers ou crackers vão dizer o software usado (para
burlar a urna)? Um software ‘crackeado’ do FBI que está na internet,
se o usar (contra o TSE) vai estar usando um software ilegal para
tentar achar as falhas. Não creio que vão se expor assim”, resume
Álvaro Falconi.

Outro lado
O secretário de tecnologia da informação do TSE, Giuseppe Janino,
afirma que o tribunal “não pretende cercear nenhum investigador” e que
não distinguirá os hackers entre os que usam “software livre,
proprietário ou pirata”.

Ele alerta, no entanto, que “os investigadores (hackers inscritos) são
responsáveis pelos softwares e demais ferramentas que julguem
necessários para a execução dos testes, e as penalidades com relação a
roubo ou o uso indevido de softwares de terceiros são publicamente
conhecidas e definidas em lei”.

A decisão de o TSE realizar “testes de penetração” nas urnas
eletrônicas ocorreu após PT e PDT terem ponderado junto ao tribunal
que a verificação feita pelo colegiado “não consegue aferir a
resistência do sistema contra ‘ataques informatizados intencionais’”.

Pelo edital, publicado pelo tribunal e sugerido pelo ministro relator
do caso, Ricardo Lewandowski, “o TSE será responsável pela definição e
preparação dos equipamentos necessários para a realização dos testes”,
e duas comissões tratarão da “definição dos procedimentos de
realização dos testes”, irão “analisar e aprovar a inscrição dos
investigadores” e “validar a metodologia (apresentada pelos hackers)”.

Segundo o tribunal, serão recusados testes que “não puderem ser
repetidos” e “os de caráter destrutivo, que possam resultar em
inutilização da urna eletrônica e de seus softwares”.

Teste para hackers seria inócuo
Sem a garantia de utilizar um programa que, pela potência, pode
destruir completamente o conteúdo interno da urna eletrônica, hackers
avaliam que o desafio do TSE seria inócuo.

“As regras não limitam o uso de ferramentas, equipamentos e softwares
aos que serão fornecidos pelo TSE. Os investigadores têm liberdade de
levar seus próprios recursos, desde que não haja proposta de danificar
o hardware (componentes eletrônicos) da urna”, explica o secretário de
tecnologia da informação do TSE.

“O processo de avaliação da metodologia tem por objetivo excluir
propostas que possam causar prejuízo ao patrimônio público (no caso a
urna eletrônica) ou procedimentos que claramente não tragam qualquer
contribuição. É caso de ações propostas e que não sejam compatíveis
com a urna eletrônica. Por exemplo, uma proposta de ataque, via rede,
na urna eletrônica. Isso é um caso impossível de acontecer, pois as
urnas não são conectadas em rede”, diz Janino.

Ainda que hoje as urnas não estejam conectadas em rede, o ministro da
Defesa e ex-presidente do TSE, Nelson Jobim, acredita que a decisão do
presidente Lula de garantir o direito de eleitores em trânsito no
território nacional poderem votar obriga que os sistemas eletrônicos
de votação sejam em alguma medida interligados. Na sua avaliação, uma
porta aberta para os crackers.

No âmbito da minirreforma eleitoral aprovada pelo Congresso Nacional
neste ano, os eleitores poderão votar para presidente e
vice-presidente fora de seu domicílio eleitoral em urnas instaladas
exclusivamente nas capitais.

“No mundo da informática não existe sistema seguro. Somos nós, seres
humanos, que estamos atrás dessas máquinas e somos cheios de falhas.
Para haver voto seguro essas urnas eletrônicas também não poderiam
passar pelo mesário. Hoje o mesário libera a urna (por meio de um
dispositivo na mesa de votação) para a pessoa votar. Já imaginou se o
mesário fosse um hacker?”, questiona Álvaro Falconi.

“As ações dos mesários são extremamente limitadas e registradas no log
(registro de acesso) da urna eletrônica. Cabe ressaltar que é
incontável a quantidade e diversidade de barreiras de segurança e
procedimentos envolvidos na utilização do Sistema Eletrônico de
Votação, o que torna, na visão do TSE, inviável a fraude (nas
votações)”, rebate o TSE.

Fonte : Terra

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Um comentário:

Aparício Fernando disse...

Na realidade o que deveria ser investigado são as urnas eleitorais. Em Saquarema-RJ aconteceu um fato muito estranho. Antes das eleições era só andar pelas ruas e perguntar em quem o eleitor iria votar que a resposta era unânime: Pedro Ricardo, candidato da oposição. Pois bem, o rapaz perdeu em todas, eu disse todas as 173 urnas da cidade. Perdeu e perdeu de muito. O mais estranho é que hoje, um mês após as eleições, você vai às ruas e os eleitores continuam unânimes em dizer que votaram em Pedro Ricardo. Seria muito mais cômodo pro eleitor dizer que votou na candidata vitoriosa. Mas não, o eleitor bate o pé afirmando que votou no outro. Curiosamente, é difícil encontrar alguém que confirme que votou na candidata vencedora, que coincidentemente é a esposa do deputado estadual Paulo Melo, presidente da ALERJ. Existem vários relatos da internet e inclusive vídeos no YOUTUBE atestando a vulnerabilidade das urnas eleitorais. Está lá pra quem quiser assistir. O fato é que esse triunvirato: Cabral, Zveiter e Paulo Melo atenta contra a democracia. Todos os poderes encontram-se de um lado só da balança, prejudicando a alternância do poder, principal filosofia da democracia. O fato é que não adianta espernear, pois o TSE, por mais que existam evidências que comprovem, jamais irá admitir fraudes em suas 'caixas pretas'. O ideal seria que a urna eletrônica emitisse, também, um cupom onde mostrasse em quem o eleitor votou. E que esse cupom fosse colocado numa urna tradicional ao lado dos mesários, para fins de comprovação posterior. Uma coisa é certa: nenhum outro país no mundo, depois de examinar, quis comprar nosso ‘avançadíssimo, rápido e moderno' método de escrutínio, nem o Paraguai.