quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Negócio de R$ 26 mi por ano, mototáxis geram cobiça na Rocinha ocupada

Donos” dos pontos
Os “donos” do ponto Speed Moto, do Largo da Macumba, conhecidos apenas como Gama e Joãozinho estão sumidos do local desde a ocupação, mas têm enviado emissários. Na tarde desta quinta, um rapaz vestia colete amarelo com a inscrição “fiscal”.
Um outro homem identificado como “Preguinho” usava um colete bege com a inscrição de Associação de Motoboys da Rocinha. “Nós apoiamos todos os motoboys”, explicou a finalidade da associação. Quando o iG questionou de que maneira se dava esse apoio, se com seguro de moto ou de saúde, ele gaguejou e disse que “no trânsito”. “Não ajuda em nada, não dá suporte nenhum”, gritou um mototaxista. Em seguida, Preguinho riu nervoso, virou-se e literalmente saiu correndo da reportagem.
Dificuldade de articulação e medo de se expor atrapalham mototaxistas
Foto: Raphael Gomide
Mais de 200 motos irregulares foram apreendidas pela polícia na Rocinha
Os mototaxistas reconhecem a dificuldade de se unir e se organizar para não caírem novamente sob alguma forma de exploração, com pagamento de diária sem receber nada em troca. Eles temem que a associação de moradores, mais organizada, assuma a liderança do processo e acabe os deixando novamente sob tutela.
Mas um dos motivos para essa dificuldade de organização é o temor de se expor e depois sofrer retaliações de traficantes, com eventual saída da polícia da Rocinha. “Ninguém quer meter a cara. Todo mundo tem medo de represália”, disse um, sem querer se identificar. Eles estudam a formação de grupos colegiados de cinco por ponto.
Na manhã desta quinta, mototaxistas de Nova Iguaçu, do Sindicato estadual de Mototáxis foram hostilizados por representantes dos donos do ponto: quase houve briga. “Pensaram que queríamos invadir a área, mas não estamos aqui para confrontar ninguém. Oferecemos uma parceria aos colegas da Rocinha para sensibilizar a prefeitura do Rio a legalizar o serviço de mototáxis”, disse o presidente do sindicato, Daniel Lima.
O sindicato oferece, pela mensalidade de R$ 37 seguro contra acidentes, assistência jurídica, seguro pessoal e isenção de IPVA e isenção de pagamento, em caso de doença. “Queremos nos sindicalizar”, disse Miguel Moreira, mototaxista da Rocinha.
Mais tarde, o grupo do sindicato se reuniu com a direção da associação e ouviu um pedido de desculpas pelo mal-entendido. “A associação sempre se antecipa à gente. Os caras vieram de Nova Iguaçu para conversar conosco. Por que a associação os leva lá para cima e não nos chama?”, questionou um profissional. Mais...

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