segunda-feira, 21 de maio de 2012

Quem são os jovens índios que lutam para criar um museu ao lado do Maracanã, no Rio

http://oglobo.globo.com/megazine/quem-sao-os-jovens-indios-que-lutam-para-criar-um-museu-ao-lado-do-maracana-no-rio-2691550#ixzz4xBMYKURh

Quem são os jovens índios que lutam para criar um museu ao lado do
Maracanã, no Rio

Zahy Guajajara, de 21 anos, recebe uma pintura cerimonial na aldeia ao
lado do Maracanã, no Rio. Foto: Ana Branco

RIO - O som das máquinas pesadas que destroem o vizinho Maracanã abafa
os cânticos. Mas não é capaz de calar o grupo de jovens índios que
invoca a ajuda das forças da natureza para permanecer no espaço do
antigo Museu do Índio, na Radial Oeste, onde uma aldeia em miniatura
abriga cerca de 20 representantes de etnias nativas de todo o país.

A maioria dos mais novos estuda - conclui o ensino médio ou cursa
História ou Ciências Sociais na também vizinha Uerj, por exemplo.
Enquanto, orgulhosos das suas origens, tentam se fazer visíveis como
índios, também procuram se integrar à sociedade carioca.

- Sempre vivi no mato. Agora trabalho aqui e ajudo a difundir a
cultura guajajara. Dou aula de tupi-guarani. Quero me qualificar e
voltar para o Maranhão, para ajudar o meu povo - diz Zahy Guajajara,
de 21 anos. - Sou muito orgulhosa da minha gente, mas acho que muitos
índios são submissos. Estamos aqui para que a sociedade nos enxergue.
Nosso plano é criar um centro cultural neste espaço que já é dos
índios há muito tempo.

No meio do caminho, porém, estão planos de investidores privados para
transformar a área num estacionamento para o Maracanã ou num shopping.
Em agosto do ano passado, a Defensoria Pública da União decidiu pedir
ao Iphan o tombamento do conjunto, para transformá-lo num museu vivo
dedicado aos povos indígenas.

- Ainda não temos garantias de que poderemos ficar. Para nós, é uma
questão de resistência - diz Tserewaihi Tsirobó, o Omar, um índio
xavante de 24 anos.

Como os outros jovens da tribo - há xavantes, guajajaras, pataxós,
guaranis, apurinãs... -, Tserewaihi frequenta a Lapa, vai ao estádio
assistir a jogos de futebol, trabalha, namora. Ele diz que a
integração é relativamente fácil no Rio, embora critique a
superficialidade das relações.

- Já namorei uma gaúcha que conheci na internet. Sou borracha fraca
(tímido), mas dá para me virar. Adoro a cidade, quando quero relaxar
vou ao Horto e fumo meu cachimbo na cachoeira. Quero fazer vestibular
e ficar aqui - diz o xavante.

A exemplo dele, Tcharry Guajajara, de 27 anos, também quer se
estabelecer no Rio. Ele vai fazer o próximo Enem e sonha cursar
Enfermagem:

- Aqui me confundem com mexicano, boliviano, até chinês. No
supermercado onde eu trabalho me chamam de Jack Chan. Falta
conhecimento sobre os índios aqui, precisamos recontar nossa história.
Não desaparecemos, como dizem os livros. Continuamos muito vivos e
orgulhosos de quem somos.

Todo mês eles fazem um evento no espaço para difundir suas tradições.
A partir das 12h, há cantos, danças e venda de artesanato e pratos
preparados segundo as receitas indígenas. O próximo será em 4 de
setembro, chova ou faça sol, como dizem. E não importa que as máquinas
do Maracanã gritem mais alto.

Leia mais sobre esse assunto em
http://oglobo.globo.com/megazine/quem-sao-os-jovens-indios-que-lutam-para-criar-um-museu-ao-lado-do-maracana-no-rio-2691550#ixzz1vEU6EAnl
© 1996 - 2012. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e
Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido
por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.

Nenhum comentário: