Publicado no Site do Jornal da Tarde de 11/07/07
Juventude brasileira ameaçada
O estudo “Jovens em situação de risco no Brasil”, do Banco Mundial, mostra as conseqüências dramáticas - para eles individualmente e para o País - da insuficiência de políticas públicas e investimentos para ajudar os jovens entre 15 e 24 anos e, por isso, deveria merecer a atenção de todos os que têm uma parcela de responsabilidade na solução do problema.
Os custos decorrentes dos problemas criados por essa situação - evasão escolar e repetência, que resultam em baixa escolaridade, gravidez precoce, abuso de álcool, envolvimento com drogas, aids, desemprego, comportamento violento - são altíssimos. Chegam a meio ponto porcentual por ano do Produto Interno Bruto (PIB). Isso significa que no espaço de uma geração o Brasil deixa de ganhar R$ 300 bilhões, o equivalente a 16% do PIB.
A falta de uma boa assistência aos jovens compromete os esforços para a redução da pobreza e afeta o futuro do País, tendo em vista a formação precária das novas gerações. Houve algum avanço nessa área - os nossos jovens estudam hoje em média 8,5 anos, um a mais do que os da geração anterior -, mas a escolaridade ainda é baixa. E o número de jovens brasileiros que chegam à universidade é o menor da América Latina. “A baixa acumulação de capital humano permite antecipar uma futura geração que não será competitiva nem na região nem no mundo”- adverte o estudo.
É preciso rever os gastos públicos na área social. Os 50 milhões de jovens entre 15 e 29 anos - um quarto da população - recebem apenas 6% do gasto social. E, se for excluído o ensino universitário, ao qual raramente têm acesso aqueles em situação de risco, os gastos com os jovens caem a quase 0% do total dos gastos sociais. A maior parte desses gastos é destinada a pessoas com mais de 60 anos, por meio das aposentadorias. Cuidar dos mais velhos, que já deram sua contribuição, é mais do que justo, mas é indispensável ao mesmo tempo pensar nas gerações futuras.
Para resolver o problema, o estudo do Banco Mundial sugere medidas gerais como investimento na primeira infância e na permanência na escola. E, para os jovens já em risco, ações individualizadas para reintegração e reabilitação, baseadas na família, e melhor coordenação dos esforços na área social entre os setores público e privado.
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Jornal da Tarde
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